Os três correram
desajeitadamente mas algo lhes impediu. Uma forte aragem lhes empurrou para
trás e mais gritos começaram.
Correram numa direção diferente
e um outro corpo enforcado lhes caiu em cima.
Os três olharam para todas as
direções desesperados, sem saber por onde fugir. Estavam encurralados! Por
qualquer lado que eles corressem um novo corpo preenchido de sangue lhes
aparecia amarrado por uma corda ao pescoço.
Harry olha para o seu lado
direito com esperança de ver uma saída daquele momento aterrador e vê um homem
ao longe. Olhava para Hugo fixamente e acenava como se o estivesse a chamar.
- Hei! Quem é você? – gritou
Harry de voz trémula.
O homem não respondeu. Em vês
disso virou as costas e começou a caminhar para a direção contraria.
- Não vá embora! Ajude-nos, por
favor! – gritou Bella.
Os três ficaram a olhar para
ele e, num ápice, viram o homem a desaparecer como se fosse açúcar a
dissolver-se em água quente
- Mas que raio… – disse Bella
olhando sem perceber.
- Corram! – gritou Hugo
começando a correr na direção em que o homem ia antes de desaparecer.
Os três correram em frente tal
como Hugo dissera e finalmente os homens enforcados deixaram de cair das
árvores, os gritos deixaram de se ouvir e encontraram o ar limpo que pairava
antes de entrarem na floresta. As árvores foram desaparecendo atrás deles
enquanto corriam, sem parar e sem olhar para trás. Apenas queriam que aquele
pesadelo acabasse e que ficasse tudo bem como há uns minutos atrás.
De repente Hugo pára de correr,
deixando-se ficar para trás e olhando palidamente para a frente, exatamente com
a mesma expressão aterrorizada de quando viu o primeiro corpo morto caído no
chão.
Harry e Bella olharam para
trás, para Hugo.
- Anda Hugo!! Temos de voltar
para junto dos pais, temos que esquecer isto! – disse Harry sem fôlego – Estás
cansado?
Hugo não reagia, apenas se via
o seu estado aterrorizado.
- Hugo?!... – chamou Bella.
Passou a mão à frente da cara
dele, e Hugo nem pestanejou. Franzia a testa como se não estivesse a perceber
alguma coisa e Harry lembrou-se de quando ele estava na casa de banho a olhar
para o banheiro e a falar sozinho. Ele estava agora exatamente da mesma forma,
mas estava mais pálido e não falava.
Depois Hugo virou-se para a sua
esquerda e olhou para uma grande casa velha. A casa onde todos eles tinham
permanecido nos primeiros dias da viagem. A casa onde o misterioso gato preto
aparecia e desaparecia. A casa onde um aviso apareceu na casa de banho, com os
vidros e as paredes cheias de sangue.
Harry e Bella olharam também
para a casa. Com o desespero de voltar para junto da família, nem tinham
reparado nela. Harry engoliu um seco e olhou novamente para o seu irmão. Ele
começara a caminhar na direção à casa, sem olhar para mais nada.
- Hugo, não! – gritou Harry,
correndo até ele para o impedir de entrar.
Hugo não reagia a nada. Olhava
fixamente para a casa como se nada mais existisse, e caminhava na direção dela
como se algo o chamasse para lá.
Harry agarrou-o e ele tentava
resistir à força dele.
- Larga-me! – gritou furioso.
- Não vais entrar lá dentro
Hugo, é perigoso!
Hugo fazia toda a sua força
para se soltar dos braços de Harry até que acabou por se soltar, correndo em
direção à enorme casa.
Bella e Harry correram atrás
dele, mas já era tarde demais. Hugo tinha acabado de avançar os portões e
estava agora dentro da sala.
- Não vou conseguir entrar
Harry… - disse Bella ainda a tremer.
- Eu vou lá busca-lo, fica aqui
a tomar conta do Brian.
- Tem cuidado!
Harry avançou com receio. Cada
vez acreditava mais em fantasmas, e cada vez se assegurava mais de que os
fantasmas lhes queriam dizer algo importante. Algo que lhes podia salvar as
vidas! Era apenas um pressentimento dele, mas um pressentimento muito forte que
lhe fazia acreditar em tudo e não ter medo de nada.
Entrou pela sala vagarosamente
e olhou à sua volta. Não haviam sinais do Hugo nem de nenhum gato preto
sinistro na lareira. Subiu as escadas sem fazer barulho e chamou baixinho pelo
nome do seu irmão.
- Hugo… Não te preocupes. O que
quer que for que tu querias fazer aqui, eu ajudo-te!
Harry ouviu um grunhido vindo
do quarto que fora dele durante alguns dias e aproximou-se.
- Hugo. – chamou ele – eu sei
que és tu que estas aí. Explica-me o que vieste aqui fazer…
Hugo saiu do quarto e pôs-se em
frente dele com o mesmo olhar sério e, ao mesmo tempo, aterrorizado.
- Fantasmas… - sussurrava ele –
por todo o lado!
- O quê que eles te dizem,
Hugo?
- Tu não acreditas em mim…
- Eu acredito Hugo! Os
fantasmas existem, eu sei que sim. Aquele homem que vimos na floresta a
desaparecer era um de certeza. Nós conseguimos vê-los Hugo, mas só tu os
consegues ouvir. Precisamos da tua ajuda. Precisamos de saber o que eles
querem!
- Querem salvar-nos!
- O quê? Como é que nos querem
salvar se nos fazem todas estas coisas más?
- Estás a ver? Tu não acreditas
em mim. – disse Hugo começando a caminhar em frente.
Harry agarrou-o e ajoelhou-se
em frente dele.
- Pronto, pronto. Eu acredito
em ti! Conta-me Hugo… De quê que eles nos querem salvar?
Os mesmos gritos da floresta
começaram a ecoar por toda a casa e o gato preto apareceu novamente do nada,
correndo em direção à casa de banho.
- Querem salvar-nos dos
demónios! Dos fantasmas maus que se querem vingar do homem! – completou o Hugo.
- O quê? – disse Harry assustado
com os gritos que ouvia e atrapalhado com o que o Hugo tinha acabado de dizer –
Mas que homem?
- O homem que os matou… o homem
que infernizou esta cidade!! O assassino! E se nós não fizermos nada… se não
vingarmos as mortes das pessoas que morreram por causa dele, os fantasmas vão
se virar contra nós! – berrou Hugo – Tenho de ir mano, desculpa mas tenho que
ir.
- Ir onde? – perguntou quando
Hugo começou a correr em direção à casa de banho.
- Ajudar os fantasmas! Eles
estão me a chamar.
Hugo entrou na casa de banho e
trancou a porta atrás de si.
- O que vais fazer Hugo? Abre a
porta!! – gritou Harry batendo com toda a força na porta - Estás a ir longe
demais!
Espreitou pela fechadura e viu Hugo a abrir e
a fechar as gavetas dos armários da casa de banho. Estava à procura de alguma
coisa. Mas de quê?
De repetente Harry vê o seu
irmão a tirar um corda grossa de uma das gavetas e o seu coração dá um salto,
lembrando-se das cordas das pessoas que se enforcaram na floresta.
- Não Hugo! Não faças isso! –
berrou Harry com todas as suas forças e
tentando arrombar a porta.
Mas Harry não podia fazer nada
para impedir. Hugo parecia enfeitiçado e decidido a ajudar os fantasmas. Subiu
um banco, amarrou a corda à ponta do candeeiro, amarrou a outra ponta à volta
do seu pescoço. Depois parou, olhou por instantes para o buraco da fechadura de
onde se via Harry a espreitar e a gritar para não fazer aquilo, e saltou de
seguida, para fora do banco.
Harry tornou a ouvir os gritos
que ecoaram por toda a casa, mas desta vez, os gritos eram do seu irmão, que
acabara de morrer asfixiado.
Pálido e sem saber o que fazer,
espreitou novamente pela fechadura e viu Hugo morto e caído no chão. Exatamente
da mesma forma que vira as outras pessoas enforcadas na floresta. Olhou em
frente, desceu as escadas, passou pela sala de jantar deserta e passou por
Bella, continuando a caminhar em frente.
- Harry?! – chamou Bella
caminhando apressadamente atrás dele – O que se passou? Eu ouvi os gritos outra
vez e fiquei assustada. E… Onde está o Hugo?
- Está morto. – disse friamente
continuando a caminhar.
- O quê?! – perguntou
escandalizada.
- Está morto Bella! – disse
Harry parando de caminhar e olhando-lhe nos olhos - Não há nada a fazer, ele morreu!
Ela olhou para ele sem
conseguir dizer nada, e os dois continuaram a caminhar.
- Como Harry? – perguntou já a
chorar. – Como é que morreu?
- Ele… - engoliu um seco – Ele…
enforcou-se.
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