segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Capitulo 6 – “O que vais fazer Hugo?”



Os três correram desajeitadamente mas algo lhes impediu. Uma forte aragem lhes empurrou para trás e mais gritos começaram.
Correram numa direção diferente e um outro corpo enforcado lhes caiu em cima.
Os três olharam para todas as direções desesperados, sem saber por onde fugir. Estavam encurralados! Por qualquer lado que eles corressem um novo corpo preenchido de sangue lhes aparecia amarrado por uma corda ao pescoço.
Harry olha para o seu lado direito com esperança de ver uma saída daquele momento aterrador e vê um homem ao longe. Olhava para Hugo fixamente e acenava como se o estivesse a chamar.
- Hei! Quem é você? – gritou Harry de voz trémula.
O homem não respondeu. Em vês disso virou as costas e começou a caminhar para a direção contraria.
- Não vá embora! Ajude-nos, por favor! – gritou Bella.
Os três ficaram a olhar para ele e, num ápice, viram o homem a desaparecer como se fosse açúcar a dissolver-se em água quente
- Mas que raio… – disse Bella olhando sem perceber.
- Corram! – gritou Hugo começando a correr na direção em que o homem ia antes de desaparecer.
Os três correram em frente tal como Hugo dissera e finalmente os homens enforcados deixaram de cair das árvores, os gritos deixaram de se ouvir e encontraram o ar limpo que pairava antes de entrarem na floresta. As árvores foram desaparecendo atrás deles enquanto corriam, sem parar e sem olhar para trás. Apenas queriam que aquele pesadelo acabasse e que ficasse tudo bem como há uns minutos atrás.
De repente Hugo pára de correr, deixando-se ficar para trás e olhando palidamente para a frente, exatamente com a mesma expressão aterrorizada de quando viu o primeiro corpo morto caído no chão.
Harry e Bella olharam para trás, para Hugo.
- Anda Hugo!! Temos de voltar para junto dos pais, temos que esquecer isto! – disse Harry sem fôlego – Estás cansado?
Hugo não reagia, apenas se via o seu estado aterrorizado.
- Hugo?!... – chamou Bella.
Passou a mão à frente da cara dele, e Hugo nem pestanejou. Franzia a testa como se não estivesse a perceber alguma coisa e Harry lembrou-se de quando ele estava na casa de banho a olhar para o banheiro e a falar sozinho. Ele estava agora exatamente da mesma forma, mas estava mais pálido e não falava.
Depois Hugo virou-se para a sua esquerda e olhou para uma grande casa velha. A casa onde todos eles tinham permanecido nos primeiros dias da viagem. A casa onde o misterioso gato preto aparecia e desaparecia. A casa onde um aviso apareceu na casa de banho, com os vidros e as paredes cheias de sangue.
Harry e Bella olharam também para a casa. Com o desespero de voltar para junto da família, nem tinham reparado nela. Harry engoliu um seco e olhou novamente para o seu irmão. Ele começara a caminhar na direção à casa, sem olhar para mais nada.
- Hugo, não! – gritou Harry, correndo até ele para o impedir de entrar.
Hugo não reagia a nada. Olhava fixamente para a casa como se nada mais existisse, e caminhava na direção dela como se algo o chamasse para lá.
Harry agarrou-o e ele tentava resistir à força dele.
- Larga-me! – gritou furioso.
- Não vais entrar lá dentro Hugo, é perigoso!
Hugo fazia toda a sua força para se soltar dos braços de Harry até que acabou por se soltar, correndo em direção à enorme casa.
Bella e Harry correram atrás dele, mas já era tarde demais. Hugo tinha acabado de avançar os portões e estava agora dentro da sala.
- Não vou conseguir entrar Harry… - disse Bella ainda a tremer.
- Eu vou lá busca-lo, fica aqui a tomar conta do Brian.
- Tem cuidado!
Harry avançou com receio. Cada vez acreditava mais em fantasmas, e cada vez se assegurava mais de que os fantasmas lhes queriam dizer algo importante. Algo que lhes podia salvar as vidas! Era apenas um pressentimento dele, mas um pressentimento muito forte que lhe fazia acreditar em tudo e não ter medo de nada.
Entrou pela sala vagarosamente e olhou à sua volta. Não haviam sinais do Hugo nem de nenhum gato preto sinistro na lareira. Subiu as escadas sem fazer barulho e chamou baixinho pelo nome do seu irmão.
- Hugo… Não te preocupes. O que quer que for que tu querias fazer aqui, eu ajudo-te!
Harry ouviu um grunhido vindo do quarto que fora dele durante alguns dias e aproximou-se.
- Hugo. – chamou ele – eu sei que és tu que estas aí. Explica-me o que vieste aqui fazer…
Hugo saiu do quarto e pôs-se em frente dele com o mesmo olhar sério e, ao mesmo tempo, aterrorizado.
- Fantasmas… - sussurrava ele – por todo o lado!
- O quê que eles te dizem, Hugo?
- Tu não acreditas em mim…
- Eu acredito Hugo! Os fantasmas existem, eu sei que sim. Aquele homem que vimos na floresta a desaparecer era um de certeza. Nós conseguimos vê-los Hugo, mas só tu os consegues ouvir. Precisamos da tua ajuda. Precisamos de saber o que eles querem!
- Querem salvar-nos!
- O quê? Como é que nos querem salvar se nos fazem todas estas coisas más?
- Estás a ver? Tu não acreditas em mim. – disse Hugo começando a caminhar em frente.
Harry agarrou-o e ajoelhou-se em frente dele.
- Pronto, pronto. Eu acredito em ti! Conta-me Hugo… De quê que eles nos querem salvar?
Os mesmos gritos da floresta começaram a ecoar por toda a casa e o gato preto apareceu novamente do nada, correndo em direção à casa de banho.
- Querem salvar-nos dos demónios! Dos fantasmas maus que se querem vingar do homem! – completou o Hugo.
- O quê? – disse Harry assustado com os gritos que ouvia e atrapalhado com o que o Hugo tinha acabado de dizer – Mas que homem?
- O homem que os matou… o homem que infernizou esta cidade!! O assassino! E se nós não fizermos nada… se não vingarmos as mortes das pessoas que morreram por causa dele, os fantasmas vão se virar contra nós! – berrou Hugo – Tenho de ir mano, desculpa mas tenho que ir.
- Ir onde? – perguntou quando Hugo começou a correr em direção à casa de banho.
- Ajudar os fantasmas! Eles estão me a chamar.
Hugo entrou na casa de banho e trancou a porta atrás de si.
- O que vais fazer Hugo? Abre a porta!! – gritou Harry batendo com toda a força na porta - Estás a ir longe demais!
 Espreitou pela fechadura e viu Hugo a abrir e a fechar as gavetas dos armários da casa de banho. Estava à procura de alguma coisa. Mas de quê?
De repetente Harry vê o seu irmão a tirar um corda grossa de uma das gavetas e o seu coração dá um salto, lembrando-se das cordas das pessoas que se enforcaram na floresta.
- Não Hugo! Não faças isso! – berrou Harry com todas as suas forças e  tentando arrombar a porta.
Mas Harry não podia fazer nada para impedir. Hugo parecia enfeitiçado e decidido a ajudar os fantasmas. Subiu um banco, amarrou a corda à ponta do candeeiro, amarrou a outra ponta à volta do seu pescoço. Depois parou, olhou por instantes para o buraco da fechadura de onde se via Harry a espreitar e a gritar para não fazer aquilo, e saltou de seguida, para fora do banco.
Harry tornou a ouvir os gritos que ecoaram por toda a casa, mas desta vez, os gritos eram do seu irmão, que acabara de morrer asfixiado.
Pálido e sem saber o que fazer, espreitou novamente pela fechadura e viu Hugo morto e caído no chão. Exatamente da mesma forma que vira as outras pessoas enforcadas na floresta. Olhou em frente, desceu as escadas, passou pela sala de jantar deserta e passou por Bella, continuando a caminhar em frente.
- Harry?! – chamou Bella caminhando apressadamente atrás dele – O que se passou? Eu ouvi os gritos outra vez e fiquei assustada. E… Onde está o Hugo?
- Está morto. – disse friamente continuando a caminhar.
- O quê?! – perguntou escandalizada.
- Está morto Bella! – disse Harry parando de caminhar e olhando-lhe nos olhos -  Não há nada a fazer, ele morreu!
Ela olhou para ele sem conseguir dizer nada, e os dois continuaram a caminhar.
- Como Harry? – perguntou já a chorar. – Como é que morreu?
- Ele… - engoliu um seco – Ele… enforcou-se.


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